Mais uma biografia da banda chega às
livrarias brasileiras. Escrita por Mick Wall, conceituado jornalista
britânico especializado em música, e lançada originalmente em 2012, "AC/DC: A biografia" ganha sua versão em português pela Globo Livros com tradução de Marcelo Barbão.
Em
novembro de 1989, quando a queda do Muro de Berlim liberou os alemães
orientais para devorarem os bens de consumo do mundo capitalista, os
discos de música mais procurados por eles não foram os dos Beatles, de
Bob Dylan, Mozart ou Beethoven. Foram os do AC/DC. Publicada à época
pela revista Newsweek, a informação é uma das peças utilizadas pelo
jornalista britânico Mick Wall para montar o quebra-cabeça que resultou
em AC/DC: a biografia.
Nessa empreitada, ressalta o autor,
não houve cooperação nem interdição por parte dos biografados. Fiéis ao
estilo AC/DC de ser, eles dedicam a mais solene indiferença ao que se
diz ou se escreve sobre o grupo, para o bem ou para o mal. Tanto melhor:
quem ganha, no caso, é o leitor.
Sem o inevitável comprometimento que
se estabeleceria no caso de participação direta dos biografados, Wall se
viu livre para construir um livro que passa longe de ser um relato de
fã apaixonado. A partir de entrevistas que ele mesmo fez com membros da
banda em diversas ocasiões, depoimentos inéditos de personagens que
ajudaram a construir o mito e uma ampla pesquisa sobre tudo o que se
publicou a respeito do AC/DC em seus quarenta anos de carreira, o autor
extraiu uma narrativa o mais próximo possível da verdade factual.
Entre outras curiosidades, o livro
relata a confusão gerada pela escolha do nome do grupo: AC/DC, na época,
era gíria para bissexual, o que levou muitos a acharem que se tratava
de uma banda gay. Outro episódio dá conta de que o líder Malcolm Young,
embora um guitarrista mais talentoso que o irmão, delegou os solos para o
então abstêmio Angus Young simplesmente porque queria ficar livre para
beber. Mais divertida ainda é a história acerca da ideia de vestir Angus
com uniforme escolar: o figurino despertou o personagem do guitar hero
ensandecido que domina os palcos há décadas.
A origem escocesa dos irmãos Malcolm e
Angus, respectivamente o cérebro e o coração do AC/DC, é evocada para
explicar até que ponto a banda age como se fosse um clã. Os laços de
sangue falam mais alto — o astro Angus faz o que bem entende, e o poder
absoluto está nas mãos do poderoso chefão Malcolm, que decide quem entra
e quem sai conforme seu humor. Daí as numerosas brigas e mudanças na
formação do grupo, bem como as ainda mais frequentes demissões de
empresários.
O autor sublinha, contudo, que os
Young, apesar de difíceis, sabem reconhecer o valor dos muitos parceiros
agregados ao "núcleo duro" do clã. Como aquele que talvez tenha sido o
principal deles, o vocalista Bon Scott, que se definia como o "raio"
que, no logotipo da banda, irrompe entre o AC e o DC. Morto em 1980,
quando a banda explodia internacionalmente com os sucessos do álbum
Highway to Hell, teve seu lugar assumido por Brian Johnson.
Entre triunfos arrasadores e
fracassos relativos, Wall explica como a integridade do AC/DC, sua
fidelidade às próprias concepções musicais, foi determinante para
perenizar a obra no imaginário do público. Nas estimativas do autor,
contabilizados os relançamentos e álbuns de coletâneas, desde o final da
década de 2000 a banda tomou dos Beatles o posto de catálogo mais
vendido nos Estados Unidos. Isso sem falar no legado da influência sobre
as gerações seguintes de roqueiros: o grunge Kurt Cobain teria
confessado que a primeira música que aprendeu a tocar na guitarra foi
"Back in black", num tributo ao rock sem frescuras do AC/DC.
Páginas: 456
Formato: 16cm x 23cm
Data de lançamento: 10/03/2014
ISBN: 9788525055071
Preço: R$ 49,90
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